Textos

Paz é desarmar-se

Paz é desarmar-se é despojar-se. É desarmar-se das amarras que prendem nosso coração. Sem abrir as portas do coração e sem a cura de suas feridas, a paz não se concretiza. Desarmar-se interiormente é um dos grandes segredos do sucesso pessoal, trazendo a gostosa e tão virtuosa leveza da paz. Recordações de injustiça, agressões, humilhações, mágoas, somente alimentam a raiva, a vingança, o ódio. Emoções estas que destilam veneno e intoxicam o nosso próprio corpo.

O remédio de cura para estes registros é o perdão, que requer simplesmente humildade e compreensão. Deus é o médico mais indicado para essa cura. Além de perdoar a si e ao outro, uma receita preciosa é a oração… Orar e ter compaixão para com que nos ofendeu. Orar e ter compaixão por aquele que nos rodeia, com o qual convivemos dia-a-dia e que traz consigo todas as suas mazelas e limitações humanas assim como nós…

O outro é, simplesmente, o nosso espelho. A falha que o outro possui atualmente é provavelmente, um erro que já foi por mim superado no passado… E a partir do momento que temos esta consciência, passamos a ter pelo outro um olhar de amor, acolhida e compreensão infinitamente maior… Passamos a ter uma maior leveza de coração e de espirito e a vida se torna muito mais rica e plena da bondade de Deus. Passamos não só a enxergar e compreender o outro no momento de vida em que se encontra mas também a ter maior e mais paciência, solicitude, caridade e entrega nas relações uns com o outros.

O mundo se transforma com votos de estima e de coragem, reconhecimento de dons, e potencialidade, simples palavras de ternura e de educação, como por favor, com licença, obrigado por sua gentileza, passam a ocorrer de forma trivial e espontânea, construindo à nossa volta verdadeiros ambientes de paz.

Sendo assim, a pequena sementinha de mostarda que plantamos, plenifica na paz que é a fonte para uma imensidão de bem-aventuranças que vão se revelando pouco a pouco na força revolucionária da ternura, no poder da cordialidade, na potência da mansidão.

Os povos andinos sabiamente já ensinavam o Sete caminhos da Paz:
O Primeiro é a Paz para trás isto é, com o nosso passado;
O Segundo é Paz para frente: com as gerações futuras;
O Terceiro é a Paz para o Alto: com Deus;
O Quarto é a Paz para baixo: com o ambiente onde se vive;
O Quinto é a Paz para direita: com os vizinhos;
O Sexto é a a Paz para esquerda: com a família;
O Sétimo é a Paz para dentro: consigo mesmo.

Assim, é fundamental para a paz o dialogo, a proximidade, a ternura enfim, ter Deus como norte de nossa vida.

 

Família, lugar de perdão…

Não existe família perfeita. Não temos pais perfeitos, não somos perfeitos, não nos casamos com uma pessoa perfeita nem temos filhos perfeitos. Temos queixas uns dos outros. Decepcionamos uns aos outros.

Por isso, não há casamento saudável nem família saudável sem o exercício do perdão. O perdão é vital para nossa saúde emocional e sobrevivência espiritual. Sem perdão a família se torna uma arena de conflitos e um reduto de mágoas.

Sem perdão a família adoece. O perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração. Quem não perdoa não tem paz na alma nem comunhão com Deus. A mágoa é um veneno que intoxica e mata. Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo. É autofagia. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente.

É por isso que a família precisa ser lugar de vida e não de morte; território de cura e não de adoecimento; palco de perdão e não de culpa. O perdão traz alegria onde a mágoa produziu tristeza; cura, onde a mágoa causou doença.

Papa Francisco.

Mandem para as Famílias que conhecem!!!

 

Estou em construção!

Durante a nossa vida causamos transtornos na
vida de muitas pessoas,
porque somos imperfeitos.

Nas esquinas da vida, pronunciamos palavras inadequadas,
falamos sem necessidade,
incomodamos.

Nas relações mais próximas, agredimos sem intenção ou intencionalmente.
Mas agredimos.

Não respeitamos o
tempo do outro,
a história do outro.

Parece que o mundo gira
em torno dos nossos desejos
e o outro é apenas
um detalhe.

E, assim, vamos causando transtornos.

Esses tantos transtornos mostram que não estamos prontos, mas em construção.

Tijolo a tijolo, o templo da nossa história vai ganhando forma.

O outro também está em construção e também causa transtornos.

E, às vezes,
um tijolo cai e nos machuca.
Outras vezes,
é o cal ou o cimento que suja nosso rosto.
E quando não é um,
é outro.
E o tempo todo nós temos que nos limpar e cuidar das feridas, assim como os outros que convivem conosco
também têm de fazer.

Os erros dos outros,
os meus erros.
Os meus erros,
os erros dos outros.

Esta é uma conclusão essencial:
todas as pessoas erram.
A partir dessa conclusão, chegamos a uma necessidade
humana e cristã:
o perdão.

Perdoar é cuidar das feridas e sujeiras.
É compreender que os
transtornos são muitas vezes involuntários.

Que os erros dos outros são
semelhantes aos meus erros e que,
como caminhantes de uma jornada,
é preciso olhar adiante.

Se nos preocupamos com
o que passou,
com a poeira,
com o tijolo caído,
o horizonte deixará de ser contemplado.
E será um desperdício.

O convite que faço é que você experimente a beleza
do perdão.
É um banho na alma!
Deixa leve!

Se eu errei,
se eu o magoei,
se eu o julguei mal,
desculpe-me por todos
esses transtornos…
Estou em construção!

TEXTO DE: PAPA FRANCISCO